quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Rolo Do Alcina

Bem, quanto a esse assunto. Tenho coisas a dizer:

- Coisas assim acontecem em escolas por aí aos montes. Quantas vezes um professor foi baleado dentro do Alcina? Essa foi a primeira. Então, não há motivo pra tanta indignação em relação ao Alcina, se agora mesmo, pode ter um aluno matando um professor em plena sala de aula em outra escola;

- Não tem essa palhaçada de "É possível evitar acidentes assim": Claro que não. Vão pôr detector de metais na frente da escola? Não dá. Pela quantidade de alunos que estudam lá, todo mundo teria que chegar as 4 da manhã, e até todos passarem pelo detector de metais a aula não pode começar. Então chegaríamos 4 horas da manhã, e 7 horas ainda teria um monte de aluno de fora da escola. Sem falar que os alunos sempre vão encontrar um modo de burlar qualquer sistema de segurança da escola. Eu sei, pois eu mesmo, no que falaram do detector de metais, pensei em um jeito de passar com uma arma por eles sem ser notado;

- Não adianta ficar especulando sobre o que aconteceu. Se querem a história contada pelas crianças da sala dele, procurem. Eu não quero nem saber;

- Não é culpa da escola coisa nenhuma: "Ahh, mas se tivesse alguns seguranças na escola, isso não teria acontecido." Mentira. Poderia ter uns 90 seguranças na escola, e eles não iriam esperar, e nem conseguir impedir o moleque de atirar na professora e se matar;

- "Ahh, a escola não é mais segura. Não vou estudar no Alcina." Não vai estudar no Alcina? Tudo bem. Mas, se busca segurança, tenho uma péssima notícia pra você: VOCÊ NÃO VAI ACHAR. Pessoas levam tiros de balas perdidas até dentro de casa hoje em dia. Não existe lugar seguro;

- Não adianta ficar pichando o nome da escola. Isso pode acontecer na escola de qualquer um. Só porque o Alcina é escola pública, é só nele que tem isso? Não. Em qualquer escola qualquer pessoa pode entrar com uma arma fácil, fácil;

- Eu acho ridículo vocês ficarem com mensagenzinhas dizendo "Um anjinho chamado Davi", como as que estavam na porta do Alcina hoje. Então, se um homem adulto entrar numa escola, atirar na professora e se matar depois, o quanto vocês não vão xingar ele? "Ahh, mas o Davi é um menino de 10 anos. Ele tinha algum problema, coitadinho." E um adulto que fizer a mesma coisa que ele? Não tem nenhum problema? Só por que é adulto? "Ahh, mas ele não tinha consciência do que estava fazendo." O adulto que fizer uma coisa dessas tem algum problema E tanta consciência quanto o Davi, porque a violência tá na porta da casa de todos nós, e o menino tinha 10 anos, idade suficiente pra saber que aquilo é uma arma de verdade e não deve ser usada se não for pra atirar de verdade. Armas não são feitas pra brincar de dar sustos, e muito menos por ter ido mal em um trabalhinho de ensino fundamental;

- É um desrespeito enorme aquele bando de abutres malditos da imprensa ficarem enchendo o saco dos alunos na porta da escola. Vão todos arrumar o que fazer, em um emprego de verdade, de preferência;

- Não é pra ficar bajulando o pai dele por causa da perda. Muitos pais perdem os filhos por causa de drogas hoje em dia, e vocês não bajulam nenhum deles. E drogas são basicamente a mesma coisa. Sabe que é burrice, sabe que é errado, sabe que faz mal, mas usa aquilo do mesmo jeito. E não é por falta de aviso. Sem falar na irresponsabilidade do cara de ter deixado a arma ao alcance do filho. E o pai dele é um policial, droga!  "Ahh, mas o Davi era um bom menino. O pai dele não ia pensar que ele fosse fazer uma coisa dessas." Eu sei. Mas mesmo se não fizesse, ele poderia mexer na arma só pra olhar, e se dar um tiro na cara sem querer. Acidentes acontecem. Não é questão de ser bom menino ou não;

- Estão com dó dele ter se matado? Eu não. Acredito que quem toma esse tipo de atitude e não consegue aguentar as consequências não merece minha piedade;

- Pedir Paz pra todo mundo, como a escola fez na quarta-feira não tem sentido. Pois não há o que pacificar. Não estamos em guerra aqui no Brasil, não houve briga nem tiroteio com ninguém e não foi uma tragédia social, como a da África. Foi uma tragédia pessoal;

- Parem com os boatos. Se ele sofria bullying, não me interessa. Se eu fosse matar as pessoas que praticavam bullying comigo no fundamental, eu teria que usar um fuzil-de-assalto. E eu vivi muito mais tempo que ele, e, com certeza, sofri muito mais bullying que ele, e, mesmo assim, não atirei em ninguém;

- Rola o boato de que a professora xingou ele de aleijadinho, por ele ser manco. Atirar na velha não é uma solução para o problema. Fazer justiça com as próprias mãos desse jeito só torna você um assassino;

- Esse negócio de "Força, Alcina!" é hipocrisia. Pois eles não querem força pra superar o problema. Ninguém estava nem ligando. Eles só fizeram isso pra não ficarem enchendo o saco deles por eles não terem feito nada. Eles só querem força pra acabar com a encheção da imprensa;

- Esse negócio de "Família-Alcina" também é hipocrisia. Pois lá, como em TODAS as outras escolas, sem exceção, não há união além da que existe entre os integrantes das panelinhas. Eu não quero nem saber o que os que não são meus amigos falam de mim pelas costas;

- E, pra esses jornais impressionistas aí, que tão falando uma bobagem atrás da outra, só vou dizer uma coisa: PALHAÇADA TEM LIMITE;

- E peço a vocês que se lembrem do Alcina, não como a escola cujo estudante baleou a professora e se suicidou, mas como a escola que ficou em primeiro lugar no índice de aprovados no ENEM de todo o estado de São Paulo;

- E eu vou dizer mais uma coisa: eu não estou ligando a mínima para o que aconteceu ali. Aquilo pode acontecer em qualquer lugar, e uma hora VAI acontecer. Eu tenho orgulho de estudar no Alcina, pois o que aquele fedelho fez não vai mudar nem um pouco o fato do Alcina ser uma ótima escola.

Falou pra vocês.

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