quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Engraçado como as coisas são.
Tem pessoas que deveriam estar, no mínimo satisfeitas.
De já terem trabalhado na vida.
De pagar sozinhas pelo menos parte das suas coisas e de poder estar estudando o que passaram o ensino médio buscando.
Pra depois me dizerem que não se sentem felizes.
Pra dizer que não sentem nada.
E eu sinceramente não sei se é realmente assim ou se dizem isso pra chamar atenção, ou algo assim.
Apesar de tudo, decidi acreditar em algumas delas.
Deviam estar satisfeitas de estar fazendo o que queriam fazer, deviam estar felizes de poder estar cursando a faculdade que gostam.
Mas não estão.
E eu estou aqui.
Perdendo mais um ano letivo, por causa de outro greve sem sentido, sobre a qual eu não quero dissertar agora, porque o geógrafo em mim hoje está adormecido. Agora estou apenas sentindo.
Sentindo-me vazio.
Sentindo-me longe daquilo que quero passar minha vida fazendo.
Estudar Geografia é meu trabalho.
Não que eu ganhe dinheiro com isso, mas acho que é o trabalho da minha vida.
E é o que quero fazer.
Mas estou aqui, enfiado em casa sem assistir a uma aula por mais de dois meses,
perdendo o ano,
a troco de quê?
Sem falar que também não consigo me livrar da ideia de ter sido rejeitado em todos os lugares em que tentei arrumar um emprego.
Não preciso de dinheiro.
Preciso de um emprego pra tirar esse vazio deixado pela falta das minhas aulas,
pra me dedicar a alguma coisa,
pra me sentir útil de novo.
Porque agora, não estou fazendo nada.
Fico procurando coisa pra fazer em casa o tempo todo porque me alivia essa sensação de que eu não sirvo pra nada.
De que eu não estou fazendo nada.
De que não tenho algo a que dedicar minhas energias.
Estou deprimido.
Um homem precisa fazer coisas, precisa saber de alguma forma que esta contribuindo pra ele mesmo e pra alguma sociedade, e, quando ele não o faz, ele se sente vazio e irrelevante. Não irrelevante pras outras pessoas, mas irrelevante pra ele mesmo. Porque quando ele não tá fazendo nada, parece que nada do que ele faz importa.
E minha faculdade...
Eu pensei que ia entrar lá e ter os melhores anos da minha vida, mas o que eu consegui lá, além do orgulho de estudar na USP, da satisfação temporária que tenho quando estou em aula e de algumas amizades...
Tudo que tive lá foi desapontamento.
Odeio aquele lugar.
Espero um dia engolir essas palavras e dizer que a USP me fez sentir algo e bom em relação a ela mesma, não apenas as aulas.
Mas, por enquanto, é só desapontamento.
Fazer o que a gente gosta custa caro. Mas é um preço que não se resume a dinheiro.
É sofrimento.
E, pra mim, um sofrimento torturante. De simplesmente ser tirado de todo aquele auge de atividade e esforço intelectual do fim do semestre, daquele prazeroso pico de estudos e loucura, até stress, pra essa fossa deprimente de sentimentos que me torturam, simplesmente jogando na minha cara que sou apenas mais um ser inativo.
Não sei se odeio a USP ou o que acontece lá dentro.
Mas, sinceramente, odeio a situação em que estou.
A situação em que me meti enquanto procurava fazer o que eu queria.
E aí fica em mim aquela pergunta cruel:
"E agora?"
Não dá pra lutar contra a condição em que estou, só me resta esperar que acabe.
E a espera me enlouquece.

Eu me sinto mal.