quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Pequenos Gestos

Um tempo atrás, eu tava na escola esperando a van chegar pra me levar pra casa, cansado, meio mal-humorado e ouvindo música nos meus fones-de-ouvido exageradamente grades, absorto em meus pensamentos. Eu olhei pro lado, e vi um pessoalzinho do Ensino Fundamental que estava saindo do ensaio da quadrilha da Festa Junina, e lá tinha um moleque com cara de marginalzinho, que pegou o chapéu de vaqueiro do gordinho, e ficava fazendo bobinho com o gordinho, jogando o chapéu pra um par de menininhas que já dava pra ver que se tornariam um par de vagabundas funkeiras quando crescessem um pouco. Talvez já o fossem, mas enfim... Eu vi aquele menino, sozinho correndo atrás do chapéu quando três ficavam zoando ele. Três covardes, que precisam estar juntos para montar em cima de alguém que procurava se garantir sozinho. Eu me irritei com o marginalzinho, levantei, tirei o fone, e isso atraiu a atenção de toda a turma do fundamental que estava perto deles. Cheguei perto do marginalzinho com aquela minha cara de psicopata e disse: "Me dá essa merda aqui". Ele ficou com o cu na mão e jogou o chapéu pra mim, e eu o devolvi ao dono.
Um ano antes disso, eu conheci uns amigos logo que entrei nessa escola, e a gente começou a jogar jogos online juntos. Puta merda, eu era ruim pra caramba. Agora, a galera se separou, parou de jogar, mas eu e dois deles ainda jogamos juntos quase sempre. Tipo, eu jogava muito mal: o time comigo e sem mim era a mesma merda. Eu era um verdadeiro cone. E só hoje eu aprendi a jogar realmente bem. Não sei exatamente por que. Talvez eu agora tenha os macetes, a velocidade, os reflexos e a prática que eu não tinha antes. Hoje, eu e o Vinny (um dos que ainda joga comigo) estávamos jogando, nós dois, contra outros dois, e um daqueles era ruim pra caralho. Um verdadeiro noob. Conforme a partida foi avançando, eu fui ficando com dó do noob, e o Vinny adicionou ele no Skype e a gente passou um monte de dicas pra ele, "seja mais rápido", "faz assim", "anda sem barulho pra ouvir o inimigo chegando", e o efeito foi imediato: o cara começou a jogar melhor na hora. Também, olha os professores ;D
Qual a relação entre esses dois eventos? Bem, foram coisas que eu fiz pelos outros que ninguém nunca fez por mim. Esses pequenos gestos de bondade que fazem o dia de uma pessoa ser melhor. No começo, eu não soube como me sentir em relação a isso, mas agora eu acho que estou satisfeito comigo mesmo por ter ajudado alguém, e, talvez, tornado a experiência de jogar praquela pessoa algo mais gostoso, sem ele fica desamparado, aprendendo as manhas sozinho. Outra coisa importante é nunca deixar que os outros montem em cima de você. Seja dentro da escola, ou fora dela: se oponha, não se deixe ser humilhado e não vire saco-de-pancadas de ninguém. Seja forte. Seja homem.

Uma consideração que eu acho que devia fazer no final é que esse gesto de bondade que parece insignificante pode ser repetido pra outra pessoa pelo cara para o qual eu o fiz. Talvez, quando ele ficar bom mesmo, ele ensine outro noob assim como eu ensinei ele, e, apesar de correntes parecerem bobagem, talvez uma corrente de boas ações mude o mundo, afinal, não é isso que eu quero?

Só acho que ia ter muito menos gente filha da puta por aí se todo mundo fizesse pequenos gestos como esse.

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